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A ajuda médica

  • Foto do escritor: Mulheres Apagadas
    Mulheres Apagadas
  • 28 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

O diagnóstico de violência, muitas vezes, pode ser confundido com outras patologias orgânicas. É importante que todos os profissionais da equipe de saúde reúnam os dados e evidências observados, de acordo com suas competências, para a construção de uma história precisa sobre o evento. Além disso, é importante solicitar apoio nas instâncias distrital e central, quando o caso se configurar com uma complexidade maior que a habitual.


Todos os profissionais dos serviços de saúde podem suspeitar de que uma mulher está sendo vítima de violência, ou mesmo identificar um caso de violência contra a mulher. O atendimento à mulher vítima de violência é, também, papel da Equipe de Saúde da Família e a coordenação do caso é uma responsabilidade do profissional que se constituir como referência (vínculo com a mulher). É necessário que o caso seja acompanhado pela Equipe de Saúde da Família de referência da mulher, e também por outros profissionais de apoio do Centro de Saúde, tais como: assistente social, psicólogo e ginecologista.


O vínculo, o não julgamento, a atitude acolhedora e não moralista/religiosa possibilitam à mulher falar de possíveis situações de violências vivenciadas e seus temores e inseguranças. Isso aponta para a equipe caminhos para a construção do projeto terapêutico. Em qualquer situação, o profissional de saúde deve sempre ter o cuidado de informar e esclarecer à mulher sobre seus direitos e sobre a Rede de Apoio para enfrentamento da violência existente no município, fornecendo subsídio para ajudá-la a tomar decisões.


Se for desejo da mulher denunciar o caso, a mesma precisa contar com uma rede de apoio individual, familiar e da sociedade, pois nem sempre a família ficará ao lado dela. Pode acontecer, também, da mesma optar por não querer fazer a denúncia. Nesses casos, a equipe que a atende, deve respeitá-la.


O serviço estabelecerá um plano de atenção à vítima, em linha de cuidado, que pressupõe discussão do caso e o correto preenchimento de um prontuário único pelos diferentes profissionais envolvidos no atendimento. Todos os relatos e dados relevantes precisam ser sempre registrados em prontuário, deixando claro para a mulher a questão do sigilo ético-profissional, principalmente, quando o profissional for expressar uma fala da mulher, evitando-se assim exposição desnecessária. É importante enfatizar em todos os atendimentos os aspectos éticos, de sigilo profissional, prudência, isenção e a responsabilização dos profissionais com o atendimento.


Os casos de estupro e/ou outra forma de abuso sexual, identificados como emergenciais, demandam condutas imediatas. O profissional deve estar atento, quando ocorrer à violência sexual, pois, em até 72 horas após a ocorrência, há a necessidade de iniciar a profilaxia para a Hepatite B, quimioprofilaxia para a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a proteção medicamentosa contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST) não virais. Para as vítimas do sexo feminino em idade reprodutiva, deve-se avaliar a contracepção de emergência.


Os profissionais das UPAS/Hospitais/Maternidades devem estar atentos em contra- referenciar os casos atendidos de violência ao Centro de Saúde da vítima para que o caso chegue corretamente às respectivas Equipes de Saúde da Família de referência para que haja a continuidade do tratamento e acompanhamento. Em momento oportuno, os casos devem ser discutidos com toda a equipe com o objetivo de organizar a vigilância e o atendimento compartilhado dessa mulher pela equipe multiprofissional com intuito de ajudá-la a recuperar sua autoestima e restabelecer sua inclusão social.


Nos casos crônicos, o acompanhamento deve ser longitudinal e integral. Deve haver um reforço para que o atendimento seja humanizado e leve em conta além dos aspectos clínicos, a avaliação psicossocial, para apoiá-la na reorganização individual e da sua dinâmica familiar contribuindo assim para minimizar os efeitos da violência. A abordagem deve ser centrada na pessoa respeitando os valores e a cultura local.


É muito difícil romper o ciclo da violência, mas sabe-se que investir em ações intersetoriais entre as políticas de saúde, educação, assistência social e etc., pode ser a chave para o êxito nessa abordagem.


Os casos atendidos que forem referenciados para o nível de atenção secundário, Serviços Especializados Ambulatoriais tais como: Centros de especialidades médicas (CEM), Unidade de Referência Secundária (URS) e etc., devem ser acompanhados pela Equipe de referência de Saúde da Família dos Centros de Saúde.







Referências utilizadas:

Combate à Violência Contra a Mulher. Cartilha. Lei Maria da Penha. Disponível em: < encurtador.com.br/cprD0>. Acesso em: 19 de maio de 2019.

Guia de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência. Prefeitura de Belo Horizonte. 2015. Disponível em: < encurtador.com.br/dhyE5>. Acesso em: 19 de maio de 2019.

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