Violência Obstétrica
- Mulheres Apagadas
- 26 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
“Não grita, vai assustar as outras mães˜

Algumas situações que podem ser consideradas violência obstétrica:
a. Negar ou dificultar atendimento à grávida;
b. Deixá-la sem água ou comida;
c. Gritar com ela;
d. Impedir a escolha de forma e local em que o parto ocorrerá, obrigando-a, por exemplo, a se submeter a uma cesárea ou à episiotomia (incisão efetuada na região da área muscular entre a vagina e o ânus para ampliar o canal de parto), por interesse ou conveniência do profissional da saúde;
e. Proibir a entrada de acompanhante.
Apesar de ser algo frequente no país, o Ministério da Saúde se posicionou sobre o tema, dizendo que o termo “violência obstétrica” tem conotação inadequada, sendo ele abolido em documentos de política públicas. O Ministério acredita que o profissional de saúde, quanto os de outras áreas, não têm a intencionalidade de prejudicar ou causar dano.
Além disso, a poucos dias, uma notícia abordou o tema dizendo que a Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) e Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) apoiam e defendem a recente Portaria do Ministério de Saúde que propõem o não uso do termo “violência obstétrica” nas comunicações e políticas públicas no cuidado da mulher.
“Você sofreu abusos”. Quando a paranaense Kelly Mafra publicou seu relato de parto em uma comunidade no Facebook para mães, em 2014, não imaginava que o primeiro comentário que receberia seria esse. A experiência na maternidade, no nascimento do primeiro filho, havia ficado muito aquém de suas expectativas, mas, até aquele momento, ela não se via como vítima. Ela havia pensado na rudeza da equipe médica como um tipo de mal inevitável. Na sala de parto, não haviam permitido a entrada do marido de Kelly, apesar de o direito ser garantido em lei desde 2005. Quando as dores das contrações chegaram, ouviu: “Na hora de fazer, não gostou?” e “Não grita, vai assustar as outras mães”.
Depois que o bebê nasceu, disseram que ela levaria o “ponto do marido”, para “continuar casada”. No parto normal de Kelly, o médico fez um pequeno corte no períneo (um grupo de músculos que sustenta os órgãos pélvicos) para facilitar a saída o bebê, a episiotomia. Recomendada em alguns casos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil o procedimento é regra. Kelly não foi avisada. Na sutura, o médico deu um ponto a mais para apertar a abertura da vagina. O procedimento, sem base científica, acompanha a crença de que a vagina se alargaria após o parto, tornando o sexo insatisfatório para o homem. Kelly ainda sente dores, uma vez que a elasticidade normal do órgão foi reduzida. A história de Kelly e de outras mulheres ilustra um drama vivido por uma em cada quatro brasileiras que deram à luz, segundo a pesquisa Nascer no Brasil, coordenada pela Fiocruz: a violência obstétrica.
Veja mais em: https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/07/violencia-obstetrica-1-em-cada-4-brasileiras-diz-ter-sofrido-abuso-no-parto.html
A partir disso, percebemos que apesar da violência obstétrica estar cada vez mais presente no meio médico, ela está se tornando um tema cada vez mais obscuro e de difícil abordage. Consequentemente, tende-se a aumentar os índices desse tipo de violência contra a mulher na sociedade brasileira. Por isso, é necessário transmitir conhecimento sobre o tema para minimizar a quantidade de mulheres que sofrem com esse abuso.
Referências utilizadas:
Thais Lazzeri. Violência obstétrica: 1 em cada 4 brasileiras diz ter sofrido abuso no parto. Revista Época, 2015. Acesso em: 15 de maio de 2019. Disponível em: https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/07/violencia-obstetrica-1-em-cada-4-brasileiras-diz-ter-sofrido-abuso-no-parto.html
Ministério da Saúde- Secretaria de Atenção à saúde. Despacho. DAPES/SAS/MS. Acesso em 18 de maio de 2019. Disponível em: https://sei.saude.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&codigo_verificador=9087621&codigo_crc=1A6F34C4&hash_download=3a1a0ad9a9529cf66ec09da0eaa100f43e3a71dadcb400a0033aeade6e480607ee223e8f2fb1395ed3ce25c6062032968378cd9f7a37a4dc6dfb5a3aa708709d&visualizacao=1&id_orgao_acesso_externo=0
Commentaires